Como será a vida de uma esposa de pastor?

A imagem que muitas pessoas tem de uma esposa de pastor é a de que ela é um exemplo de “mulher perfeita” e uma pessoa que não pode errar NUNCA! 

Pensam também que ela é uma pessoa que não tem problemas e nem preocupações e que sua vida é um mar de rosas, só porque ela é a “esposa do pastor".

Algumas ficam pensando como será o seu dia a dia ou como é a casa onde ela mora. Outras, quando a vêem na igreja arrumada (afinal ela não pode se apresentar de qualquer maneira, com os cabelos desgrenhados, as unha sujas…) desejam ter a "boa vida que ela tem"...



Mas afinal, quem é essa mulher e como será a sua vida?

Bom, primeiramente vamos ler um texto da d. Cristiane Cardoso, que fala sobre como é a vida de uma esposa de pastor:

"Os sacrifícios da esposa do pastor vão além de quaisquer sacrifícios físicos ou financeiros. Ela sacrifica suas emoções e seus sentimentos para que o marido esteja preocupado somente com os problemas do povo. Não é nada fácil para ela, pois tem que enfrentar a solidão. Ela tem que lidar com seus próprios problemas sozinha e possuir força suficiente para superá-los com a ajuda do Espírito Santo. Essa é a razão pela qual ela tem um relacionamento com Deus que não se compara a nenhum outro – Ele é o seu melhor Amigo. 
Não há planos para tirar férias, para feriados ou para momentos de lazer com a família. Na verdade, a esposa de pastor não pode sequer planejar algo, pois sua vida é como o vento: hoje está aqui, amanhã pode estar em outro lugar.  
Em alguns casos, ela fica anos sem ver os pais, e ainda tem que suportar a dor do desapontamento deles em relação a ela por causa da sua “falta de consideração”. Se fica doente, tem que lutar para ficar boa logo porque, na batalha em que seu esposo está, ele não poderá parar para cuidar dela; além disso, ele precisa de sua ajuda 24 horas por dia. 

A esposa de pastor não tem como reformar ou decorar sua casa, pois não tem moradia fixa. Tudo o que ela carrega são suas roupas e seu álbum de casamento. Ela pode estar morando num país lindo e, no dia seguinte, ser transferida para um país pobre; pode estar entre muitos amigos e, no dia seguinte, ser transferida para um lugar desconhecido onde o idioma lhe é completamente estranho e não há ninguém para levá-la para conhecer o lugar. Contudo, ela sempre encontrará pessoas que a menosprezam, achando que é insignificante na igreja.


Sacrifício, essa é a palavra que melhor define como é a nossa vida e mesmo ficando atrás dos bastidores, somos obreiras, tias da E.B.I, evangelista e se for preciso até tomamos conta da igreja quando nossos maridos precisam se ausentar, só para não ficar fechada. Afinal, existem lugares que quando o trabalho da igreja é iniciado e não há obreiros, auxiliar ou grupo de evangelização, lá estamos nós, na frente, ajudando nosso marido no trabalho.

Quando acontece de irmos para uma igreja já formada ou que tem bastante obreiros, não exercemos essas funções com tanta freqüência. Trabalhamos nos bastidores dando suporte e apoio para nossos maridos. Você já parou para pensar na quantidade de problemas que um pastor ouve durante um dia? Em quantas pessoas desesperadas chegam na igreja em busca de ajuda e pedindo a orientação dele todos os dias?

Quando me casei, tinha plena consciência de que minha vida seria de sacrifício e que teria de abrir mão de muitas coisas, principalmente das minhas próprias vontades, para que assim pudesse ser uma oferta perfeita (ainda que eu mesma não seja perfeita) para Deus. O altar exige isso.

Abri mão de ser mãe. Já dividi uma casa com mais 6 pessoas. Morei no escritório de uma igreja. Dormi no chão...

Não é sempre que posso contar com meu esposo para fazer certas coisas, por isso aprendi a trocar uma lâmpada, trocar o gás, consertar uma cadeira, desentupir a pia do banheiro...

Aprendi a escovar meu cabelo e fazer minhas unhas, pois não é todo lugar que moramos que tem um salão ou nem sempre é possível ir a um.

Aprendi até a fazer coxinha, pastel, esfiha, pão de queijo e até bolo de aniversário, pois existem cidades e países onde moramos que não tem sequer uma boa padaria ou um restaurante decente, e quando tem, por questão de saúde ou higiene, não dá para comer.

Na época em que estive em Angola por exemplo, tínhamos que ter o maior cuidado com alimentação. Contava-se de dedo os lugares onde podíamos almoçar fora. Isso sem falar do preço, que era salgaaaaaaaaaado...

Já adoeci e o único apoio que meu esposo pôde me dá, era o de ligar ao longo do dia para saber como eu estava, pois ele tinha que estar na igreja para fazer a reunião e cuidar do povo e mesmo que quisesse, não podia ficar comigo.

Recebi a notícia do falecimento de minha avó e só pude apoiar a minha mãe por telefone - tendo que ser forte por mim e por ela. 

Também presenciei a mesma dor de uma amiga ao receber a notícia do falecimento do seu pai.

Na formatura de um dos meus sobrinhos eu não pude estar presente. Aliás eu nem vi eles crescerem e se tornarem os homens que são hoje…

Outro dia meu esposo foi convidado para fazer reunião numa igreja que passamos há muitos anos atrás e lá revi pessoas queridas.

Sempre gostei de estar perto e dar atenção para as vovós, as senhorinhas da igreja e nesse dia reencontrei uma vovó muito querida, a d. Joana. Ela já estava bem velhinha, afinal passaram-se muitos anos, mas ela se lembrou de mim! Me abraçou, me beijou e me disse que estava muito feliz por rever a sua “mãe” na fé. 

Eu?! Mãe de uma senhora com idade para ser minha avó?! 

Pois é...Já perdi a conta de quantas casas morei (por conta das mudanças) e em cada igreja, cidade, que passei encontro irmãos, irmãs, mães, pais, filhos, de todas as idades…

Se fosse contar todas as experiencias que vivi até aqui, esse post ficaria mais longo do que já está.

Não lamento e nem fico triste por nenhuma situação que vivi ou do que tive que abrir mão. Como já disse, casei consciente de que minha vida seria de sacrifício, por isso sigo em frente, pois na minha vida vejo e verei se cumprir essa promessa:

Em verdade vos digo que ninguém há que tenha deixado casa, ou irmãos, ou irmãs, ou mãe, ou pai, ou filhos, ou campos por amor de mim e por amor do evangelho, que não receba, já no presente, o cêntuplo de casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, com perseguições; e, no mundo por vir, a vida eterna. (Marcos 10: 29 e 30)

Vale a pena o sacrifício!

Comentários

flordecacto disse…
Que lindo o post, que lindo é servir a Deus.
Sua experiência é muito bacana dona Tatiane.
Eu gosto muito do Blog da sra, nem sempre comento porque acesso mais pelo celular e ele não tem uma tecnologia legal para abrir algumas coisas como o aplicativo de comentários....
Entendi mais do que é servir a Deus no Altar, sua dedicação, encoraja!

Deus a abençoe muito mais.